domingo, 8 de março de 2009

EPITRIX EM BATATEIRA

Estamos no início das plantações de uma das culturas mais importantes no nosso país em termos horto-industriais - a batateira!
Desta forma, agricultores, técnicos e demais agentes envolvidos na fileira, deverão estar atentos a novas pragas e doenças que, cada vez mais estão na ordem do dia, resultamtes de diversas conjugações de factores tais como a mobilidade de produtos acabados, sementes, transportes, embalagens e também das alterações climáticas. Assim, já não são só as pragas e doenças "tradicionais" que nos apoquentam pois, a par delas, vão surgindo outras que, pelo facto de serem desconhecidas, causam, nos primeiros anos, estragos económicos consideráveis.
A Epitrix similaris é uma praga recente na europa que causa prejuízos avultados, pelo que há que estar muito atento e vigilante. É oriunda da América do Norte e foi detectada em Portugal em 2007.


BIOECOLOGIA


A Epitrix similaris Gentner, é um coleóptero negro brilahnte com patas posteriores muito desenvolvidas. O corpo de forma oval e a cabeça e o protórax são estreitos com olhos moderadamente proeminetes. É um insecto que mede de 1,6 a 1,9 mm. Hiberna no solo sobre os resíduos das culturas e/ou das infestantes e na primavera migra para as folhas da cultura onde acasalam.

Os ovos são microscópicos e ovais e as posturas são feitas na zona do colo da planta.

Após a eclosão dos ovos, as larvas migram para os tuberculos. As larvas são de cor branco creme medem entre de 2 a 3 mm, e têm 3 pares de patas pouco visiveis; após o seu completo desenvolvimento pupam em galerias feitas no solo. As pupas são de cor branco e medem de 6 a 8 mm.

Consoante as condições climatéricas podem ter duas a três gerações no caso de Portugal continental



CICLO DE VIDA





ADULTO


ESTRAGOS




MEIOS DE LUTA


Luta Cultural

- Rotação cultural;
- eliminação dos restos de cultura e dos hospedeiros (erva moira, figueira do inferno. São também hospedeiros o tomateiro, beringela e pimenteiro).


Luta qímica

Esta deverá ser a última opção até porque só agora (4 Março 2009) é que foram homologadas as substâncias activas bifentrina e acetamiprida (nº máximo de aplicações 2), no âmbito do alargamento de espectro.

Bibliografia: COTHN; DGADR; Bayer Cropsciense. Fotos: Conceição Boavida e Rita Teixeira

10 comentários:

Graciete disse...

As introduções biológicas deixam-me sempre muito apreensiva. Com a abertura dos mercados, e consequente troca de material biológico, sempre foram, pelo menos, esperadas. Tratando-se de uma introdução recente, as minhas preocupações são acrescidas. Desconheço, por completo, a realidade deste caso.
Contudo, gostava de saber, a nível do continente português, se são conhecidos os factores edafo-climáticos propícios ao desenvolvimento da mesma, bem como os agentes de dispersão (referistes alguns), se se conhece a distribuição desta praga, se estão a ser tomadas medidas para que a mesma não se expanda e se esta já assume alguma dimensão, em termos económicos.
Bjs

Jorge Carvalho disse...

Olá Grace,
os vectores da praga são os que normalmente existem para outras pragas que vão desde a partilha de palotes, dissiminação através de material vegetal, meios de transporte, etc.
A praga assume já uma importância económica considerável ao ponto da DGADR ter homologado 2 substâncias activas para o binómio praga/cultura. A distribuição geográfica centar-se masi no Ribatejo/Oeste e as condições edafo-climáticas são as que ocorrem em toda a Região continental.
Não sei se nos Açores, particularmente aí em S. Miguel existe a praga ou não, contudo, fica desde já o alerta e poderás entrar em contacto com os nossos colegas dos serviços agrícolas da Ilha para obteres informação sobre o assunto e para que nós por cá também possamos saber qual o ponto da situação aí pelos Açores!.
Bjinhos

Graciete disse...

Jorge, obrigada pelos teus esclarecimentos. Irei entrar em contacto com os nossos colegas da Região.
Contudo, ainda me restam algumas questões. Sabendo-se que a praga se encontra ainda circunscrita ao Ribatejo/Oeste, e que tem condições edafo-climáticas para expandir-se por todo o continente português, pergunto-te que medidas estão a ser tomadas, para além do controlo químico, para que a mesma não se dissemine, designadamente se existem acções de sensibilização junto dos agricultores, se esta região está sujeita a uma monitorização mais apertada e se, na tua opinião, achas que existem preocupações, a nível oficial, para que a praga não se propague. Estou ciente que, muitas vezes, certas acções poderão não ter aceitação por parte dos produtores. Todavia, como é uma introdução recente e está ainda localizada, não posso deixar de manifestar a minha preocupação com a sua disseminação.
Os efeitos de uma introdução nunca são esperados, visto que as condições, nomeadamente as edafo-climáticas, são diferentes das da sua proveniência. E neste caso, com condições favoráveis ao seu desenvolvimento em todo o continente português, penso que deverão ser tomadas todas as medidas que se acharem convenientes, para que não haja a propagação desta praga.
Temos já exemplos de outras introduções, designadamente de pragas nos Açores, como o escaravelho japonês. E existem muitos outros exemplos, designadamente também em relação às plantas introduzidas, mas seria outro tema, embora as premissas sejam semelhantes.
Mais uma questão que te quero colocar e que se prende com a eficácia das substâncias activas homologadas. Neste momento, devo confessar que a minha informação sobre os produtos fitofarmacêuticos está muito desactualizada. Não sei se estas substâncias activas foram homologadas agora só para Portugal, se já estavam ou não a ser utilizadas em outros países da comunidade europeia. Pergunto-te se tens conhecimento da sua eficácia.
Beijinhos

Joaquim Leça disse...

Olá, Jorge!

Parabéns pelo artigo!
Felizmente, esta praga ainda não está instalada na Madeira, embora estejamos informados sobre a mesma.
Um abraço!

Jorge Carvalho disse...

Grace,
as substâncias activas em questão já eram utilizadas e são no território nacional para outras finalidades, pelo que, a possibilidade de existir resistências é de considerar, além do mais, uma delas tem um intervalo de segurança de 92 dias, o que torna praticamente inviável a sua utilização em algumas vaiedades e como tal a alternância de produtos fica sem possibilidade de utilização...
Joaquim, Obrigado!

Graciete disse...

Jorge,
Agradeço as tuas explicações.
Em relação aos Açores, já estou em condições de informar-te que esta praga nunca foi detectada na Região. Acrescento ainda que são efectuadas inspecções aos tubérculos que são importados e a alguns campos de produção.
Beijinhos

MigBez disse...

O Gajo sabe "poderes"...
Abraço

Unknown disse...

Existem informações mais precisas sobre o assunto nomeadamente sobre a dispersão e o conhecimento da praga Epitrix similaris ( praticamente identico ao Epitrix tuberis que parece provocar algumas "alergias" - não o insecto mas o nome - mas com o tempo passa) .
Pelo menos desde 2004 que existem estragos na batata na região da Maia/Vila do Conde. A praga disseminou-se rápidamente e efectivamente só foi detectada no Ribatejo em 2007.A praga está presente em praticamente todas as zonas produtoras de batata em Portugal e também na Galiza estando completamente fora de hipótese a sua erradicação tendo os serviços oficiais actuado tardiamente apesar de terem sido alertados variadíssimas vezes.
Quanto aos Açores suponho que só existe o Epitrix cucumeris que não provoca estragos no tubérculo (apesar de atacar o sistema radicular).
Cumprimentos a todos
Rubens Oliveira

Jorge Carvalho disse...

Rubens,
Obrigado pelos teus esclarecimentos e se tiveres mais detalhes agradecia que enviasses um mail e se desejares publicar algo sobre o assunto, etará este blog de portas abertas....
Quanto aos serviços oficiais terem actuado tardiamente... pois, é o que temos, infelizmente!
abraço e obrigado!

Unknown disse...

Bom dia
Tenho mais informações mas por falta de tempo enviarei mais tarde.
De qualquer forma a EPPO já lançou um aviso sobre o Epitrix similaris tendo sido incluido em quarentena.
Voltamos ao contacto mais tarde
Um abraço
Rubens

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