O banco de terras está na ordem do dia pelo facto de o BE ter feito uma proposta nesse sentido, de o Eng. Martino ter colocado uma petição on-line e pelo facto do País estar a precisar de dar de comer a quem perdeu o emprego..., a quem já nada lhe resta a não ser a esperança infundada na agricultura, que, à escala familiar, pode até ser que resulte...
Bem, eu concordo com o banco de terras, até porque há cerca de 5 anos me tornei Jovem Agricultor através de um projecto de investimento ao IFAP, projecto esse que necessitava de uma área de cerca de 3 ha. Ora não só tive dificuldade em arranjar a área como a que arranjei foi a um preço elevado, num sítio que em termos geocomerciais não foi dos melhores e em termos edafoclimáticos também não, mas, na insane lucidez do momento, embarquei pelo mar de espinhos e agora percorro o caminho cheio de feridas que brotam sangue que me invade a alma...
Se o banco de terras já tivesse sido posto em prática, e relembro que todas estas ideias não são novas, antes pelo contrário, já andam em conversas de cafés e encontros mais ou menos formais desde que se começaram a meter projectos de investimento e se começou a sentir o problema que os jovens empresários tinham em angariar terras, então a minha amargura do momento seria bem mais pequena - desta forma concordo com o banco de terras, ponto final!
Na TSF passou, no Forúm, um debate sobre o tema e por lá andaram ideias fantásticas e outras tantas de gente que nada sabe de agricultura, mas, como sempre, o saldo é positivo, pois a TSF já nos habituou a grandes debates e muito tem contribuido para as mudanças de certos paradigmas, pelo que o Horticularidades desde já saúda tal estação de rádio e , particularmente, o espaço de debate que diáriamente é promovido- bem haja!
Nesse Fórum, ouvi falar o Eng. José Martino, pessoa pela qual nutro particular estima e que por intermédio deste espaço aproveito para felicitar pela iniciativa da petição on-line. Eu já assinei - força pela convicção- bem haja Martino!
Do BE ouvi a ideia geral da proposta e tb com ela concordo...
Vamos agora dissecar o "banco":
será o banco de terras mais um goro neste país de promessas? Se for, fica tudo igual (nada que nos surpreenda), e mais uma vez diremos à boca larga que os políticos são todos iguais, isto é, aldrabões e hipócritas- aldrabões pois desde o 25 de Abril que já prometem isto; hipócritas porque desde o 25 de Abril que são sempre os mesmos!;
Se não for uma falácia, veremos se o banco de terras, que tem as melhores intenções, não vai arrancar da pior maneira, tipo, criar logo mais uma empresa pública com gestores de milhões para gerir uma coisa que o ministério da agricultura pode gerir com os técnicos que possuem - sem gastos adicionais, portanto!;
O banco de terras vai arrancar sem o devido emparcelamento? É que se vai eu não concordo pois isso em nada contribui para uma agricultura moderna, rentável e sustentável e segura (esta parte do segura depois explico...);
o banco de terras vai ser disponibilizado a pessoas com formação e informação que se vão reger pelas mesmas regras da exigência, da fiscalização que os demais que por cá andam ou vai ser para amadores incautos que de repente ficaram sem dinheiro para ir ao supermercado comprar os que os agricultores produzem com qualidade, com confiança, com segurança..., amadores esses que passam a fazer uma agricultura cuja produção se destina a alimentar a familia e meia dúzia de amigos (que por sinal também são gente que merece ter segurança alimentar);
o banco de terras vai ser para impedir as importações dos produtos em falta ou vai ser para produzir mais do mesmo e continuar a encharcar mercados e os bens que realmente escasseiam ninguém os vai continuar a produzir?;
o banco vai ser para projectar a economia nacional, para desenvolver a agricultura ou vai ser para desresponsabilizar os ministérios e os gorvernos e governantes das suas verdadeiras funções? - promover políticas nacionais que fortaleçam o sector primário e com ele a economia...
O banco de terras que venha e nós agricultores presentes e futuros diremos sim, mas que com ele venha também uma orientação nacional para aquilo que se quer e de uma vez por todas que se faça uma política nacional séria em termos agrícolas e não esta palhaçada a que temos assistido desde o 25 de Abril... Volta Salazar que nós clonamos-te e colocamos um por concelho... ah, já me esquecia, estás perdoado, não pelas tuas maldades, mas pelas maldades dos actuais que em boa verdade são bem mais malignas que as tuas!
imagem: web
3 comentários:
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Estamos sintonizados e esperançados.
Um pequeno reparo: o sujeito de Santa Comba não concorda(va) com o verbo dar e enganava (gramaticalmente) o Povo: Santa Comba Dão. O Povo, em com pensa ção, também não o grama(tica)va nem um boca dinho ;-))
Concordo com tudo, excepto a parte da clonagem e do perdão, afinal, corrigir erros com outros erros já nós sabemos no que dá.
Maria, concordo que corrigir erros com outros dá no que dá... eu é que considero que o Salazar não foi um erro (estou a falar de política agrícola, claro)... como tal...!
Obrigado pela visita!
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