quinta-feira, 2 de julho de 2009

PULVERIZAÇÃO

Os tratamentos fitossanitários ocorrem por todo o país em qualquer altura do ano, mas de Maio a Setembro é quando a sua intensidade é maior fruto de uma área de vinha e pomar que se encontra em pleno desenvolvimento vegetativo e que exige, força das condições climáticas, uma vigilância apertada e, caso seja necessário, e só nessas condições, dever-se-á recorrer aos tratamentos fitossanitários.

Estes nem sempre são realizados da melhor forma, ou porque não se domina a técnica, ou pelo facto de utilizarmos equipamentos não correctamente regulados e calibrados ou mesmo porque não trabalhamos bem os conceitos dose vs concentração.

Esta será a primeira de uma série de postagens dedicadas ao tema, pelo que, devido à complexidade do tema e ao cariz do blog, não se pretende "atribuir graus de mestre na área", mas, isso sim, esclarecer e clarificar, até porque os aplicadores ao abrigo do Dec. Lei 173/2005 de 21 de Outubro, são obrigados a frequentar acções de formação em aplicação de produtos fitofarmacêuticos (APF).


Alguns conceitos, assim:

Tratamento - aplicação de um produto fitofarmacêutico (PF), através de uma técnica de aplicação, recorrendo para isso a um determinado equipamento.

Técnica de aplicação- processo através do qual se distribui de forma correcta e adequada um PF sobre um alvo biológico.

Calda - água + PF

Pulverização - é a técnica mais difundida a nível mundial, e consiste em realizar o recobrimento de um alvo (folhas, tronco, fruto, solo...), com uma calda dispersa através de gotas de dimensão váriável, mas de forma o mais uniforme possível.


Imagem:figura web; Foto: Jorge Carvalho

Pela observação da figura anterior, poder-se-á ver que o alvo terá que ser coberto com gotas que, não sendo uniformes, era desejável que o fossem e que têm um determinado diâmetro médio expresso em micras ( 1 micra = 0,001 mm).
Diâmetro médio das gotas aconselhado:
Estes valores são referentes, como se disse, à dimensão do diâmetro mediano volumétrico (DMV).
Na figura abaixo pode-se ver a influência do tamanho da gota no recobrimento do alvo.

Fonte: web site hardi

Para que se faça uma boa pulverização, e consequentemente uma boa aplicação, o nº mínimo de impactos por cm2 sobre o alvo deverá ser, para cada classe de PF, a que se indica no quadro:
Fonte: ANDEF

Como se avalia?
Recorrendo à utilização de papéis hidro-sensíveis, tal qual se pode ver na foto.
Foto: Jorge Carvalho

A avaliação pode ser feita recorrendo à lupa (método que contém imprecisões) ou ao scanner, que é uma forma fiável de análise mas não ao alcance do aplicador em condições de campo.

Mais do que ver o nº de impactos, a colocação de hidro-sensíveis serve para ver se a calda penetrou no coberto vegetal e se a sua uniformidade é boa, e isso é possível observar à vista desarmada.

Como posso distribuir a calda?
Com recurso a equipamentos tais como:

- Pulverizador de pressão hidráulica de jacto projectado (ver vídeo barra lateral esquerda do blog)
Foto: Jorge Carvalho

- Pulverizador de Pressão hidráulica de jacto transportado (Turbina)
Foto: Jorge Carvalho

- Pulverizador pneumático (atomizador) (ver vídeo barra lateral esquerda do blog)
Foto: Jorge Carvalho
- Pulverizador centrífugo (UBV)
Foto: Web Site; Jorge Carvalho
- Nebulizador (ver vídeo barra lateral esquerda do blog)
Foto: Jorge Carvalho
Representação esquemáticas do tamanho e uniformidade das gotas produzidas pelos equipamentos mais utilizados em Portugal:
A percepção que temos do tipo de gota produzido por cada um destes equipamentos reveste-se de importância extrema pois só assim poderemos escolher o que melhor se adapta à nossa cultura, ao estado fenológico da mesma, ao tipo de tratamento e às condições climatéricas.
Seja qual o equipamento utilizado, nunca deveremos esquecer que pulverizar não é a mesma coisa que despejar pulverizadores, pelo que a sua calibração e regulação são aspecto fundamentais.
Sempre que pensarmos realizar um tratamento, deveremos inundar a alma com três letrinhas: BPF (boa prática fitossanitária)... Realizar BPF é um acto de responsabilidade que temos para connosco, com os outros e com o ambiente.
Na próxima postagem abordarei estas questões.
Bem haja!

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa tarde, sou estudante de Engenharia de Biossistemas e estou realizando um projeto muito parecido com este, gostaria de saber se o senhor não tem algum artigo para que eu pudesse ler ?
Obrigada

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