É originária da América Latina, onde tem uma forte dispersão, tendo sido detectada em Espanha em finais de 2006 e em Itália em 2008. Neste momento já se encontra em Portugal, tendo já causado prejuízos importantes na campanha do ano passado. Nas Canárias causou prejuízos da ordem dos 40%.
Fonte: www.tutaabsoluta.com
Bioecologia
A Tuta absoluta Povolny é um lepidóptero que pode apresentar entre 9 a 12 gerações anuais, consoante as condições climáticas da região onde se encontra presente.
A borboleta (adulto), pode atingir 7 mm e tem 2 pares de asas sendo o primeiro acinzentado e o segundo mais escuro. Tem antenas compridas ao longo do corpo.
Tem hábitos de voo crepusculares e durante o dia permanece escondida na folhagem. Com uma ligeira agitação da folhagem pode-se detectar o insecto.
Foto: EPPO Gallery - Adulto de Tuta absoluta
Cada fêmea põe de forma isolada entre 180 a 260 ovos, na página inferior das folhas, caules, pedúnculos e/ou frutos, elípticos e de cor esbranquiçada que se vão tornando amarelados à medida que se vão desenvolvendo. Dão origem às lagartas.
Fotos: EPPO Gallery - ovo de Tuta absoluta
A lagarta ao eclodir penetra nos tecidos da planta (folhas, caule e fruto) dos quais se alimenta. Pode atingir 7 a 8 mm de comprimento.
Pode pupar nas folhas ou no solo, dando depois origem ao adulto (borboleta).
Fotos: EPPO Gallery
Ciclo de vida
O ciclo de vida deste insecto passa pelos estados de Ovo- Larva-Pupa-Adulto e pode completar-se, conforme as condições a que estão sujeitas, nomeadamente da temperatura, entre 29 a 38 dias. Por exemplo no Chile a uma temperatura de 14 ºC completa-se em 76,3 dias, a uma temperatura de 19,7 ºC completa-se em 39,8 dias a uma temperatura de 27,1 ºC em 23,8 dias (Barrientos et al., 1998).
Foto: www.infoagroisp.com
Sintomatologia/Estragos
Os sintomas podem ser observados nas folhas, caules e frutos.
Nas folhas, numa fase inicial, os sintomas podem ser confundidos com os da Liriomysa spp (larva mineira), mas posteriormente a galeria aumenta de dimensão, alargando e dando-se a subsequente desidratação dos tecidos e um encarquilhamento característico.
Quando ataca os caules destrói o sistema vascular da planta com todas as consequências nefastas que isso comporta.
No fruto causa elevados prejuízos tanto qualitativos como quantitativos.
Estimativa de Risco
Colocar armadilhas delta com feromona, na entrada das estufas e corredores e distanciadas 25 m umas das outras, à razão de 2 a 4 por hectare.
A monitorizção deve ser feita semanalmente. e em função do número de capturas actuar.
Armadilha delta (Google imagens)
Meios de Luta
A estratégia a adoptar é sem dúvida aquela que integra todos os meiso de protecção, deixando sempre para última opcção a luta química.
Luta cultural
Eliminar as plantas hospedeiras tais como Erva moira (Solanum Nigrum) e a figueira do inferno (Datura stramonium) e de restos de cultura se possivel queimando.
Colocar redes de exclusão de adultos (nas estufas) sempre que isso não implique um aumento das condições para as doenças criptogâmicas.
Realizar rotações culturais e no caso de sucessões, o tempo que deve medear entre as culturas séra de pelo menos 6 semanas.
Luta biotécnica
Recorrer ao uso da captura em massa utilizando armadilhas de água com feromona e detergente. As armadilhas deverão ser colocadas a 40 cm do solo e à razão de 20 a 40 armadilhas por hectare.
A água deverá ser renovada frequentemente e a feromona substituida ao fim de 60 dias, ou antes, caso esteja colocada ao ar livre sob condições atmosféricas adversas.
Armadilha de captura em massa (Google imagens)
Armadilha de captura em massa com feromona (Google imagens)
Foto do autor
Luta biológica
O recurso ao uso de auxiliares é uma prática cada vez mais recorrente com largos benefícios ambientais e também do ponto de vista da biologia da praga, uma vez que diminui o risco de desenvolvimento de resistências.
Os auxiliares são: mirídeos, crisopas, Macrolophus caliginosus, Nesidiocoris tenuis e/ou tricogramas.
O Bacillus thuringiensis conjugando as subespécies kurstaki e aizawai tem revelado uma eficácia em todos os instares da larva, mas na fase larvar precoce a eficácia é ligeiramente superior.
Luta Química
A luta química quando realizada tem de o ser somente com produtos homologados para o efeito.
Destaca-se neste momento as substâncias activas (s.a.) indoxacarbe e spinosade que deverão ser utilizadas em alternância e dentro das limitações de cada produto pelo que a leitura integral do rótulo é uma prática indispensável.
Tuta absoluta, uma praga que veio para ficar!
Só uma estratégia de luta concertada e integrada poderá ser eficaz contra este insecto!
Outras fontes bibliográficas:DGADR;PHYTOMA; Biosani;