domingo, 11 de março de 2012

Nabo a polivalência de uma cultura…

NABO, NABIÇA, NABO DE GRELO
(Brassica rapa L. rapa)

É uma cultura sem dúvida que merece atenção pelo facto de entrar na dieta dos Portugueses sob as mais variadas formas e aproveitamentos.
A cultura em si, pode ser comercializada como cabeça (com ou sem rama), como nabiça (folhas) e como grelo (escape floral).
A importância desta cultura em algumas regiões do País, faz com que ela seja merecedora de uma confraria – a confraria do nabo em Carapelhos – e também das sucessivas festas e festivais do grelo e da nabiça que vão desde os Carapelhos, Cordinhã, Macedo de Cavaleiros e, além fronteiras, também esta cultura assume importância nomeadamente na Galiza onde se realizam inúmeros certames a promover esta cultura e a gastronomia a ela associada.
Nesta publicação apenas será abordada a questão agronómica, mas numa próxima publicação será postada o aproveitamento culinário numa rubrica chamada Horticulinária .

Características botânicas
Raiz
O nabo (Brassica rapa var. rapa) é uma hortícola de raiz comestível. O sistema
radicular do nabo é carnudo e pode assumir diversas formas e ter coloração
uniforme ou ser bicolor, sendo o branco e o roxo as mais comuns.


As folhas
Estão dispostas em roseta às quais comercialmente se dá o nome de nabiça.
São de cor verde médio a escuro, rugosas, ásperas e pubescentes


Flor
É uma inflorescência que comercialmente se dá o nome de grelo.
São amarelas e agrupadas numa haste floral.


Fruto
É uma silíqua, característica da brássicas.

O ciclo cultural
40 a 60 dias na Primavera e Verão e 90 a 100 dias no Inverno.


SEMENTEIRA/Plantação
Em geral são semeados no local definitivo mas a plantação também é recorrente e pode ter alguns benefícios em relação à sementeira, nomeadamente na poupança de semente e no controlo das infestantes.
Ocorre todo o ano e em caso de se optar pela sementeira/plantação em linhas, deverá ser feita com o o compasso de 15x30, 20x30, 10x40 (linha x entre-linha).


Condições Edafo-climáticas
Temperatura:, óptima de situa-se entre os 15 e os 20ºC
Paragem crescimento: 3 a 5º
Evitar altas temperaturas e geadas intensas.

Luz: boa luminosidade
Humidade: Em condições de baixa percentagem de humidade atmosférica, a floração é precoce e as raízes são mais finas e fibrosas

Solos
Os solos devem ter textura franco-arenosa, serem ricos em matéria orgânica
(entre 2 a 4%), com pH entre 6,0 e 7,5.
Valores baixos de pH no solo podem originar ataques de pôtra ou hérnia. Solos
demasiado ligeiros ou calcários tendem a endurecer as raízes e a conferir-lhes
mau gosto.

Condições de exploração
Rega
O nabo é muito exigente em água, principalmente na fase de engrossamento das raízes.

Adubação
As necessidades da cultura em nutrientes são as que se apresentam no quadro seguinte, tendo em conta a produção e as classes de fertilidade do solo, pelo que uma análise de solo é fundamental para realizar um trabalho sustentável em termos económicos e ambientais.

Nunca esquecer que o azoto a aplicar deverá se de forma fracionada e ter em conta as zonas vulneráveis. Deduzir à adubação azotada o azoto veiculado pela estrumnação e água de rega.
O fósforo e o potássio embora possam ser colocados em fundo, se fracionados também favorece o desenvolvimento da cultura.
Há várias possibilidades de veicular os nutrientes que vão desde os adubos tradicionais aos sólidos solúveis passando pelos adubos foliares...
O Magnésio e o boro são também importantes, sendo que a sensibilidade à carência de boro é importante nesta cultura. A sua carência manifesta-se pelo aparecimento de uma
necrose na raiz designada por coração pardo.

Pragas e Doenças
A áltica, insetos de solo, o míldio, a podridão cinzenta, alternariose, a potra, a falsa potra, são os principais problemas da cultura do nabo.
Assume particular importância a áltica caso a cultura se destine a ser comercializada como nabiça, porque se as folhas ficam picadas (furadas) a distribuição não aceita tal situação, pelo que utilizar um piretróide (lambda-cialotrina) quando atingido o nível económico de ataque (NEA) é de recomendar.
Quando o nabo é comercializado com cabeça, os insectos de solo já são um problema. Neste caso temos o clorpirifos e a teflutrina que estão homologados para o efeito.
No caso de doenças, a alternariose e o míldio podem ser problema, pelo que deverão ser feitos tratamentos preventivos com azoxistrobina (máx 2 aplicações) e com clortalonil (máx 3 aplicações), respectivamente para alternariose e míldio.
A potra é um problema grave que não tem grande solução, a não ser a rotação de culturas (sete anos) e a correção do pH (7 a 7,5).

FOTOS: Web

5 comentários:

Joaquim Marques AC disse...

Boa postagem para quem se queira dedicar ao seu cultivo.
É tão comum no nosso país, desde há muitos anos, o nabo e a nabiça, quer em forma vegetal, quer em comportamento humano.

Lourenço disse...

Caro Jorge Carvalho,
Artigo interessante, mas que me deixou algumas questões que lhe coloco.

Tenho de ter algum cuidado em especial com algumas consociações, numa horta caseira?
A variedade de nabo é a mesma para qualquer um dos efeitos (cabeça de nabo, nabiça ou grelo)?
Se não, qual a variedade aconselhada para cada uma e, se souber, quais as preferíveis para a região do Ribatejo?
Contra as pragas e doenças, existe algum tratamento biológico?

Caro Joaquim Marques,
Existe algum pesticida eficaz para os nabos e as nabiças humanas que andam por aí? Seria de grande utilidade.

Cumprimentos a ambos.

Joaquim Marques AC disse...

Sr Lourenço,

Pesticidas e o seu manuseamento é mais com o Engenheiro Jorge Carvalho.
Eu desconheço pesticida que vá ao encontro da sua pergunta.
No mais, o que tenho usado, é mais ecológico, natural e sem efeitos secundários: a nabos e nabiças humanas dá-se de alimento desprezo, rapidamente murcham.
Os meus respeitos.
Atenciosamente, um seu criado,
Joaquim

Unknown disse...

Amigo Marques, e Amigo Lourenço,
obrigado pela vossa visita ao blog... com vcs od dois isto fica bem mais divertido...
Respostas:
Marques: tens razão, os nabos e nabiças humanas proliferam a cada geração que passa de forma exponencial... fazer o quê?
Lourenço: Há de facto variedades mais adaptadas a produção de cabeça, outrs de folhas e outrs grelos e há as de tripla aptidão... há que "vasculhar" as casas de sementes e arranjar a que melhor serve os nossos interesses... Quanto a consociações??? não será antes rotações????
Abraço a ambos

Lourenço disse...

Caro Joaquim Marques,
Desprezo parece-me um bom pesticida.

Caro Jorge Carvalho,
Referia-me a consociações, de facto.
E quanto aos tratamentos biológicos?

Cumprimentos a ambos,
Lourenço

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