domingo, 8 de janeiro de 2012

Patifarias…

Quando me ergo do penoso leito para o qual fui rasteirado, vejo que tudo à minha volta é uma patifaria pegada!
Vejo empresas cobardes a fugir para paraísos fiscais, empresas essas que dizem que protegem a produção nacional e que dão emprego a milhares de pessoas e que até suportam aumentos de IVA e que estão ao lado dos portugueses e que… e que… e que…
Patifes!
Fogem; são cobardes!
Empregam milhares de pessoas; pois, o comércio tradicional que elas faliram empregava muitas mais!
Protegem a produção nacional; mentira, metem nas suas lojas 70% de produtos oriundos de outras paragens e não exigem o que exigem aos produtores nacionais!
Suportam o aumento de IVA; claro, com as notas de débito imputadas à produção é fácil!
É giro ir às compras às grandes superfícies… sim, há carrinhos de compras que até têm lugar para os miúdos, há parques de estacionamento com sombras, cafetarias, lavandarias, cinema, parques prós putos… é giro… e cómodo!
Será que cada português já fez bem as contas? Será que olham bem para os preços? Será que entendem o que se passa? Não, não me parece!
A patifaria continua quando a estratégia nacional não passa por proteger o tecido produtivo português, seja ele qual for. Não me parece que haja futuro quando se entulham caminhos com fardos pesados e difíceis de transpor. Os factores de produção, os impostos, as burocracias, as exigências estão ao mais alto nível e as políticas orientadoras e estratégicas ao nível mais baixo – diria mesmo, em linguagem de empresa de notação financeira; lixo!
Quando a agricultura portuguesa não tem estratégia orientada para a dinâmica estruturada e planeada ao mais alto nível, então nada feito. Acho um piadão quando se diz que o empresário tem de ser inovador e sair para procurar outros mercados. Sim, mas que empresário temos nós na agricultura? Não temos a juventude formada e informada que tem a indústria. Claro que temos excepções a este paradigma, felizmente, e esses saem e vão e têm sucesso, mas o grosso na nossa agricultura formada por agricultores velhos e com poucas habilitações… vai para onde?
Que fazem os diplomatas? Que faz o ministro dos negócios estrangeiros? A comandita que acompanha o comediante maior em excursões animadas e relatadas alegremente pelos media, incorpora agricultores? E depois, nos jantares de estado, em embaixadas espalhadas pelo mundo ainda se serve à mesa vinho português (?) e a sobremesa é com pêra rocha ou bravo de esmolfe (?) e o café será servido em chávenas da vista alegre (?)… pois não sei, nunca lá estive!
O que é a globalização e o mercado livre? É deixar cair uma nação desgraçando-a e subjugando-a aos interesses dos comércios do oriente e até mesmo dos orientes Europeus?
Para onde caminhas Portugal com estes patifes ao leme deste barco para o qual eu comprei bilhete?
Estou desolado, desiludido e nem mesmo este coelho à solta me faz pegar na caçadeira para praticar o desporto que me já fez madrugar outrora.
A nossa ministra que guarda um rebanho muito grande parece-me que vai dar em nada! Quando vejo alguém a falar de rendas de casa, quando deveria estar a programar linhas objectivas e estratégicas para uma agricultura nacional de sucesso, só chego a uma conclusão: o ministério da agricultura deveria ser único e não deveria ser subjugado à vontade da fome pelo poder… não se faz notar, não se vai notar, não vamos a lado algum!
Ou encaramos a agricultura com um ministério forte - o mais forte - e mais imprescindível para o estímulo da economia, ou este país mofina e já nem dos serviços necessitamos, pois tudo morrerá de forma apática e ridícula!
Criem condições e o agricultor trabalha, bole, cria, desenvolve a economia deste país. Um sector primário forte é sinónimo de um país estruturado, que melhor resiste às intempéries sociais e às asnices políticas!
Mas, de facto, olho em volta e só vejo patifarias! Estão a delapidar a esperança e quando deram por ela, já o país está moribundo – será nessa altura que os que agora fogem, voltarão com altaneira postura a dizer que vão investir no país que lhes está no coração (sim, esses patifes sempre gostaram de investir no 3º mundo)…
Apelo ao consumismo do que é português, mas também aqui há patifes que praticam patifarias permitidas por patifes ainda maiores. Consuma os produtos começados pelo código 560 e terá a certeza que consome grande parte das coisas vindas de fora… ai não sabia?
É verdade, os patifes que legislam e os que aprovam as leis, permitem que os produtos importados em bruto, em grosso a granel, como queiram, se embalados no país lhes seja colocado o código 560….
Nada é claro neste país, porquê? Porque o poder dos grupos de pressão (Lobbies ou lobos…) lembra e relembra aos patifes que mandam que só mandam porque eles os ajudaram a mandar… e a conversa deve ser tipo: - ò caro amigo, tu recordas-te que só chegaste onde estás, só és o que és, porque cá o rapazinho de deitou a mão…ah, ah, lembras-te? Mas olha, eu a qualquer momento faço com que tu voltes para o sítio de onde vieste…ah, ah…
(Digo eu que nunca lá estive).
Assim, de patifaria em patifaria, se constrói um futuro para a agricultura portuguesa e para os agricultores onde a incerteza vai deixar de pairar, pois, desta forma, a morte é certa e o renascimento é uma utopia!
Só lá vai de uma forma… marchar contra S. Bento!

6 comentários:

Joaquim Marques AC disse...

O meu comentário não foi aceite por longo demais.
Mandei-to por e-mail e também o publiquei no blog da associação.

Abraço
JM

Blog oficial de Mário Moita disse...

precisamos de um Rei, com uma espada afiada de novo! para combater os mouros disfarçados de varias formas 900 anos depois..

Fada disse...

Ora aqui está um post a espelhar uma série de dolorosas verdades...

Concordo contigo.

Beijitos

Jorge Carvalho disse...

Marques, já publiquei a tua resposta.
Mário.... só de G3

Fada, doloroso é pouco é mesmo foooo..piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

Lourenço disse...

Marchar contra São Bento?
De que vale?

Estamos um povo cada vez mais atado, submisso, escravizado e estupidificado.

Vendem-nos programas de TV que só deseducam, desinformam e contestam os nossos direitos como povo e como indivíduos, criam-se "Novas Oportunidades" para coisa nenhuma, aumentam-se os preços do gasóleo, colocam-se portagens em (supostas auto-) estradas já mais que pagas, "vendem-se" Vias Verdes chipadas e localizáveis; e o povo, devagarinho, vai-se confinando às suas casas, a não sair, a não contestar, a ter medo... Vivemos em constante medo.
Medo de ficar sem família, sem bens, sem comida, sem saúde...

Marchar contra São Bento não me parece a solução.
Só dá azo a umas notícias de TV, logo ofuscadas por notícias "mais importantes" como o último Derby futebolístico.
Prefiro pensar que o apelo às armas também não é a solução, pois nenhum de nós deseja um banho de sangue entre o povo e os militares, pois estes também são povo e também passam por dificuldades semelhantes, arriscando a vida todos os dias, muitas vezes em precárias condições de trabalho.

Fazer o quê?...
Pensando grande, pensando na ilusão dum associativismo ou cooperativismo que reunisse TODOS aqueles que estão descontentes, que estão fartos de alimentar sanguessugas, eu diria: boicote e greve geral durante UMA SEMANA.
Uma semana sem transportes, uma semana a comprarem-se APENAS produtos nacionais, uma semana sem ligar a TV nos programas parvinhos, uma semana sem permitir a entrada de produtos estrangeiros no país, uma semana de um mundo diferente. Uma semana de reencontros, de debates honestos, de explicações, de entendimentos, entre as diferentes classes sociais, entre as diferentes profissões, entre as diferentes pessoas que se sentem cansadas disto tudo... Sem precisar de recorrer à violência, dando apenas um silêncio gélido aos nossos (des)governantes... E se uma semana não chegasse, torna-se num mês, num semestre, o que for preciso para que se perceba que somos um país pequeno em tamanho mas grande em vontade, em capacidades, em espírito, e que NÃO TEMOS DE SER UMA MANADA ESTUPIDIFICADA DE ESCRAVOS!!!

Parece que me alonguei um pouco, mas este texto mexe com qualquer pessoa que se sinta frustrada neste nosso belo país...
As minhas desculpas.

Jorge Carvalho disse...

Caro amigo... obrigado pela tua participação neste blog aberto e livre onde todas as opiniões contam e valorizam...
Não te alongaste e não te desculpes por ter opinião crítica... fica a tua opinião que muito respeito e na qual me revejo em muitos aspetos... vai aparecendo e comentando... obrigado
abraço

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