sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Informação nos Rótulos


Finalmente, e já não era sem tempo, as empresas começam a colocar nos rótulos informações que vão acompanhando as novas tendências e desenvolvimento do saber nesta área.
Quando se aplica um produto ao solo, seja ele fungicida, insecticida ou herbicida, temos o problema resolvido, pois é fácil pegar numa fita métrica e calcular áreas. O problema é quando se quer aplicar um produto a uma cultura arbórea ou arbustiva que possui determinada massa verde, pois deixamos de falar em metros quadrados de terreno e passamos a falar em metros cúbicos de massa verde, isto é, passamos de área a volume.
Acontece que ainda há muito utilizador, quando se trata de culturas arbóreas ou arbustivas, que aplica os PF sempre em função da concentração independentemente do volume de calda utilizado, ignorando a informação dada no rótulo, informação essa que tem por base a dose (quantidade de produto por hectare). Esta dose de facto refere-se a quantidade de produto por hectare mas, no caso de culturas arbustivas ou arbóreas, refere-se a quantidade de massa verde (volume) que um hectare de terreno possui (área) e isso depende do tipo de condução, da variedade, do compasso de plantação, etc.
Assim, se não é difícil realizar esse cálculo para determinar o volume de massa verde, recorrendo ao TRV (pomares - já muito utilizado na Região Oeste e em função do volume de copa assim se utiliza uma determinada concentração) ou LWA (vinhas - ainda pouco ou nada utilizado em Portugal), também não está acessível a qualquer utilizador menos informado e tecnicamente menos evoluido.
As empresas na tentativa de disponibilizarem a informação que melhor serve os interesses de todos, dão informação em função da concentração para alto volume (1000L/ha) e referem que, caso se utilize equipamentos de médio ou baixo volume (turbina ou atomizadores) a concentração deverá ser ajustada por forma a manter a dose do alto volume.
Acontece que esta informação nem sempre é bem interpretada e o aplicador utiliza concentrações de princípio a fim. Se o volume de calda se aproxima dos 1000L/ha então a dose é aplicada (bem ou mal, pois resta saber se há ou não massa verde que a suporte), caso contrário a dose fica aquém do esperado o que é particularmente problemático nos estados fenológicos de maior desenvolvimento vegetativo.
Surge então uma nova forma de informar que, se não é ainda perfeita, é um bom complemento à anterior, e só estamos à espera que os stocks dos produtos se esgotem para ver em definitivo a informação mais adequada e que melhor sirva os interesses de todos.
Como se poderá ver no exemplo extraído de um rótulo recomenda-se concentrações até determinada fase e a partir do pleno desenvolvimento vegetativo a recomendação passa a ser feita à dose o que permite menos falhas.


Estou convicto que, se todos colocarem nos rótulos tal informação as aplicações serão mais conseguidas e a eficácia vs eficiência andarão de mãos dadas com todas as implicações positivas que isso tem (ambientais, económicas e biológicas e segurança alimentar)!
Coisas há ainda a melhorar na informação que se dá no rótulo, como por exemplo o tamanho das letras e a discrepância entre as fichas de dados de segurança e o rótulo no que diz respeito às medidas de emergência em caso de acidentes, mas a seu devido tempo lá chegaremos...
Esperemos que os sinais dos tempos nos tragam tempos com outros sinais!

1 comentário:

Lourenço disse...

Caro Jorge Carvalho,
Neste texto, bastante completo, por sinal, falta a menção ao "período de reentrada".
Uma das coisas que falha em quase todos os produtos e respectivos rótulos é a informação respeitante ao período de reentrada.
Apesar de, em muitas parcelas agrícolas, existirem vedações ou formas de proibir a entrada a desconhecidos, o certo é que muitas mais há em que não existem vedações de espécie alguma e as pessoas entram nelas, seja porque andam à caça, a passear, ou simplesmente de passagem.
Deveria ser obrigatório a indicação do período de reentrada nos rótulos, e também aquando da aplicação, em informação visível no acesso à parcela tratada, tanto para informação do agricultor/aplicador, como de outras pessoas alheias ao trabalho normal na parcela, como fiscais, técnicos, e simples passantes.
Cumprimentos,
Lourenço

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